quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ser aluno em Portugal ( também ) é:

Ora bem, hoje isto vai ser crónica, tipo crónica de jornal. Há dias que estas falam sobre a educação. Pois bem, hoje eu falo sobre educação! E isto há tanta coisa entalada, que vais ser sobre tudo!!!
Primeiro, coitados de nós, alunos, que arcamos com as culpas de tudo: "coitada da professora X, por causa do aluno Y, está em casa com uma depressão"; "professor Z queixa-se que por causa de aluno J tem má nota na avaliação". Vamos lá esclarecer! Se há alunos que vão à escola "laurear a pevide",  mostrar a roupinha nova, e passar o tempo, também há os que não fazem nada disso! Muito boa gente, que também são chamados de "rebeldes", "burros", "indisciplinados", muitas vezes têm é o azarito de ter como professor uma pessoa que entrou para o ministério sem a mínima vocação para dar aulas, e os alunos não têm de aturar tudo! E falando em igualdade de direitos entre os professores e as outras classes profissionais, óh senhora ministra, e se pensasse em fazer entrevistas, muito bem feitinhas e completas aos professores que leccionam todos os anos nas escolas públicas?! Se há muitos desempregados, então que estejam desempregados os piores, que os alunos, lá por estarem na escola pública, não têm de levar com tudo o que é licenciado a querer dar aulas, sim?! Vamos lá começar a pensar em, mais do que avaliar curriculums, pedir aos futuros professores deste nosso país, para simularem aulas, fazerem testes para ver se, em caso de este ser o objecto de avaliação aplicado numa turma, este contém uma linguagem clara e correcta, se aplica bem o pretendido, se é muito fácil ou muito difícil, muito grande, pequeno...
E depois, outra coisa! Se os alunos andam na escola, todos os dias, durante uma eternidade de tempo, porque razão é que decidem fazer um exame no final de tudo isto, que põe toda a santa gente nervosa, ansiosa...que corre mal à maioria dos alunos, e que por causa do QE( coeficiente emocional) o QI ( coeficiente de inteligência) não vem ao de cima. Qual a lógica disto, senhora ministra??
Bem, embora não perceba a lógica, percebo as consequências. Primeiro, quem vai para lá mais preocupadito com a "coisa", serão os alunos com melhores notas, pois os outros, se não se preocuparam muito até então, não será num exame que vão mudar a atitude. E, se esse aluno, que até era esforçado, e tinha notas razoáveis, se "lixa" no queridissimo exame nacional. Resultado??  Quem se safa?! Os alunos que são alunos, mas que não encaram ninguém nos olhos, que não têm vida além de de estudar, e que vão depois, entrar para as faculdades de excelência do nosso país. E porque se safam? porque no exame, nem precisaram de exercitar os miolos, foi debitar a matéria, e já está! ( E depois, futuramente, têm óptimas relações interpessoais nos empregos, e para com os consumidores, caso tabalhem no sector terciário?  Não. )
É claro que não é sempre assim. Não estou a generalizar. Estou a mostrar um "lado" do nosso sistema educacional de quem ninguém fala, ninguém repara.
E depois ainda há outra: porque razão, se o aluno tem tanto trabalho a fazer o recurso, no final, recebemos a nota, com ou sem correcções (e bem paga!!), e no final, ninguém responde que não subimos por causa de a, b, ou c. Quer dizer, os alunos podem perder tempo e dinheiro, e nem merecem uma resposta?? " A e tal, os senhores professores têm de ter férias!" ( agora, neste caso, ninguém liga àquela parte de "os alunos têm de se responsabilizar pelas suas coisas, e ser mais educados, e cidadãos!" ) E os alunos, que andaram a perder tempo a estudar, que querem ser isto, ou aquilo, e que não vão poder ser por causa duma nota, estúpida e miserável, fruto, na maioria dos casos, mais do QE do que do QI, e também, da sorte!!
 A conclusão de tudo, é que não há conclusão! No meio desta balburdia, ouve-se o senhor comentador doutor engenheiro, arquitecto, ex-ministro, deputado, presidente de não sei quê, que já não anda em bancos de escola desde o tempo do falecido Português mais influente de sempre: Salazar, dar a sua opinião, muito pomposa, e moralmente aceite, sem no fundo, não saber do que fala. Porque não é ele que se deita ás duas da manhã de terça ( que entretanto, até já é quarta ), por causa de um teste, de Biologia, 4 exercícios de matemática, um relatório de química... para acordar ás 7 horas desse dia, e para entrar ás 8.30h, estar atento a 3 aulas, e fazer o teste a seguir, sem margem para este lhe correr mal, se não, lá se vai a média toda, e para estragar a média, já chega o exame que irá fazer daí a uns meses!
Senhora Ministra, e se ouvisse mais os alunos, e menos os sindicatos dos professores do Norte a Sul, os peritos de não sei quê, os especialistas de nomes sumptuosos, e de quem ninguém se volta a lembrar, ou a ouvir falar?!  Se começasse a ouvir mais os directores das escolas, as associações de estudantes, os alunos em geral??!
Caso não saibam, não são só os professores que podem ter depressões, dias maus, noites passadas em claro, problemas em casa. Os alunos também. E se os professores andam cansados, os alunos também, com a diferença, muito clara, na situação cliché do berro do professor, dado sem  grande lógica, que serve "só"  para "impor respeito e fazer com que estes cabeças duram entendam isto". E na mais seca resposta do aluno, que "vai para a rua. Já agora! Má educação eu não  tolero! Que insolentes estes jovens de hoje em dia.."
O sistema está feito assim. Fala-se nos "delinquentes alunos problemáticos". E parece que só há esses. Mas há outros...
Alunos. Não somos assim tão maus. Somos pessoas. Também somos pessoas!

Sem comentários:

Enviar um comentário