segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Ponto final.

O amor não tem dimensão. Nem credos, nem crenças. Nem lugar. O amor é amor e ponto final.
Ás vezes cruza-se contigo num olhar que se cruza, outras numa esquina. E ás vezes chega-te o amor dos outros. De um pai por uma criança, de dois velhinhos com as mãos em trança.
Hoje, chegou-me o amor dos outros da forma mais genuína que já pude assistir. Arrependo-me agora por não ter dito isto a quem de direito. O amor desconcertante. Que te deixa enamorada e com vontade de estar também apaixonada. De partilhar uma manta em dias de frio, de não estar sentada sozinha à beira de um rio.
Quando se ama, ama-se, e ponto final. 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

world wi(l)de web

A conversa surge com metáforas mascaradas, só entendidas por quem as diz. As meias palavras perdem-se na viagem entre os fios, as ondas e as transmissões eletricas que fazem o mundo. Encurtamos a distância brincando ás conversas por teclas, também elas já hoje virtuais. Ouvimos a voz que não reconheceríamos por entre cada notificação. Na conversa não há calor humano. Há caras sorridentes, sempre amarelas de quando em vez trocadas por animais ou gifts que despertam o riso para o ecrã. O tempo passa realmente, porque fica a hora do envio, e ás vezes o tempo em que a mensagem foi enviada. Onde fica o mundo real?

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Pedro e Inês

A eloquência dos dias saltita entre o real, e o real imaginário que se cria com a debilidade traiçoeira da mente. Caímos sem nos mexermos, brincamos com o ar como se de um instrumento musical se tratasse. Divagamos para fora das quatro paredes para o passado longínquo, na esquina da mente a cantar para o presente, que se materializa em passos firmes à nossa volta. Gritamos com voz doce e meiga, tentando encontrar um fio que seja o da realidade, para voltar a alimentar o presente com o pensamento, mas falhamos. Viramo-nos em todas as direções possíveis para encontrar o caminho, mas ele aparece e desvanece-se no ar. Tão depressa como apareceu. E continua-se a cruzar o passado e presente. O futuro? O que será e onde andará?

sábado, 5 de janeiro de 2019

(Continuação)

E a magia acaba, tão depressa com começou - e leva com ela o chão, o pão e todas as coisas imagináveis que soam a despedida. Minto. Talvez acabe mais depressa que começou. Porque começou leve, sem aviso mas delicado, caminhando sobre telhados de vidro e sem atirar pedras, saboreando cada passo. E acabou num abismo sem fim nem principio, onde caímos ad eternun. Pousamos a cabeça na almofada, recostamo-nos no carro, fechamos os olhos na esperança de acordar da vida ou do sonho, sem ter a certeza em que dimensão estamos. Passou o ano, a somar aos tantos que já passaram, e é a falta de céu e de norte que nos faz perceber que acabou mesmo.