quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Last, but not List, 2010

Passaram tantos dias. Tantos. De certa forma, é normal, depois de 364 dias, se iniciar um novo ano. No entanto, ainda ontem fiz anos,fiz exames, andava de manga curta, a conhecer os novos professores. Ainda ontem choramingava o final do 11º, e agora, não tarda, tenho o 12º meio-feito.
Não, este não é um texto nostalgico, aqueles que toda a gente escreve. Farta de ouvir falar de FMI's, de crise, de saldos e de eleições, quero escrever sobre uma coisa que muita vez me tenho lembrado.

Até aqui, muito até aqui, temos sido governados por uma geração que critica a minha. Ou que critica as gerações que muito estão proximas da minha... Criticam a nossa leviandade, a nossa libertinagem, a nossa má educação. Muitas vezes, chego a concordar. Muitas vezes por culpa de uma situação gerenaliza-se, e ai é que está o cerna da questão. Nós não somos maus. Tentamos viver em extremos. Mas somos assim graças, de certa forma à educação que recebemos, à sociedade em que estamos.
Somos governados por pessoas super - bem - educadas- formadas - cadastro limpo - aplicadas - desde o dia em que foram concebidos. E o resultado?? Bem... é ler um jornal,. abrir a televisão no noticiário... A partir de 2011, creio que as gerações que tanto corrompido a sociedade têm, vão começar a invadir os mercados de trabalho, a levantar a sua voz. Talves 2011 seja então, um ponto de viragem. Mesmo que não seja, quero acreditar que sim. 2011 será melhor que 2010. 2011 tem tudo para ser melhor para o País. Penso que ja não pode ser pior. Em 2011, cada um, todos, teremos que ser melhores. Não custa pensar que sim... Não podemos pensar que não!

A todos, um feliz 2011!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

"I would rather have had one breath of her hair, one kiss from her mouth, one touch of her hand, than eternity without it. One..."


Seth says, in "city of the angels"

domingo, 26 de dezembro de 2010

Mudar

sim, mudou. Mudou tanto. Agora, está mais duro... está mais difícil. Tentamos aprender com o que passa, mas a aprendizagem traduz-se numa modificação no futuro, e não num calejamento de situações. É ilusão, mas também é necessário. Cometer erros, pensar neles, reflectir, levantar, e fazer melhor a seguir. Mudou também a prespectiva, o objectivo, a finalidade. Mudou muito. As aprendizagens fazem barreiras intransponiveis de betão, que muitas vezes se transformam numa coisa que nunca mais se transpõe...
Sim, mudou...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Tempo que passa, tempo que vem.. Natal!


Embora apenas pareçam ter passado 7 semanas, é de novo Natal. De novo vêm os presentes, os fritos, os chocolates. De novo digo "Feliz Natal", não numa de Natal consumista, mas sim para que todos se lembrem que agora, tanto como em todos os dias, devemos esquecer o umbigo, e olhar mais para o lado. Lembrar o bom, e esquecer o mau, mesmo que só por alguns dias... Pois os problemas não virão solução por pensarmos e falarmos neles!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

II - Este Mundo de injustiças

(...)
Que fazer? Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute. Ora, se não estou em erro, se não sou incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder económico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos. Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E assim é que estamos vivendo.
Não tenho mais que dizer. Ou sim, apenas uma palavra para pedir um instante de silêncio. O camponês de Florença acaba de subir uma vez mais à torre da igreja, o sino vai tocar. Ouçamo-lo, por favor.
(excerto)

José Saramago,
Texto lido na cerimônia de encerramento do Fórum Social Mundial 2002

I - Este mundo de injustiças

(...) E a democracia, esse milenário invento de uns atenienses ingénuos para quem ela significaria, nas circunstâncias sociais e políticas específicas do tempo, e segundo a expressão consagrada, um governo do povo, pelo povo e para o povo? Ouço muitas vezes argumentar a pessoas sinceras, de boa fé comprovada, e a outras que essa aparência de benignidade têm interesse em simular, que, sendo embora uma evidência indesmentível o estado de catástrofe em que se encontra a maior parte do planeta, será precisamente no quadro de um sistema democrático geral que mais probabilidades teremos de chegar à consecução plena ou ao menos satisfatória dos direitos humanos. Nada mais certo, sob condição de que fosse efectivamente democrático o sistema de governo e de gestão da sociedade a que actualmente vimos chamando democracia. E não o é. É verdade que podemos votar, é verdade que podemos, por delegação da partícula de soberania que se nos reconhece como cidadãos eleitores e normalmente por via partidária, escolher os nossos representantes no parlamento, é verdade, enfim, que da relevância numérica de tais representações e das combinações políticas que a necessidade de uma maioria vier a impor sempre resultará um governo. Tudo isto é verdade, mas é igualmente verdade que a possibilidade de acção democrática começa e acaba aí. O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única e real força que governa o mundo, e portanto o seu país e a sua pessoa: refiro-me, obviamente, ao poder económico, em particular à parte dele, sempre em aumento, gerida pelas empresas multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm que ver com aquele bem comum a que, por definição, a democracia aspira. Todos sabemos que é assim, e contudo, por uma espécie de automatismo verbal e mental que não nos deixa ver a nudez crua dos factos, continuamos a falar de democracia como se se tratasse de algo vivo e actuante, quando dela pouco mais nos resta que um conjunto de formas ritualizadas, os inócuos passes e os gestos de uma espécie de missa laica. E não nos apercebemos, como se para isso não bastasse ter olhos, de que os nossos governos, esses que para o bem ou para o mal
elegemos e de que somos portanto os primeiros responsáveis, se vão tornando cada vez mais em meros "comissários políticos" do poder económico, com a objectiva missão de produzirem as leis que a esse poder convierem, para depois, envolvidas no açúcares da publicidade oficial e particular interessada, serem introduzidas no mercado social sem suscitar demasiados protestos, salvo os certas conhecidas minorias eternamente descontentes..
(...)

José Saramago,
Texto lido na cerimônia de encerramento do Fórum Social Mundial 2002
(excerto)

domingo, 12 de dezembro de 2010

Folha branca, que me dizes?

Com uma página em branco, podemos fazer tudo. Desenhar. Pintar. Escrever... Ou ficar simplesmente a olhar, como se de nada se tratasse, ou como se se tratasse de algo tão estrondoso que muito dificilmente se tivesse capacidade ou sensibilidade para tocar.
Uma folha em branco pode ser muita coisa. Tanta coisa. Pode ser um abraço, um assopro, um amasso. Pode ser crescer, construir, viver. Uma folha em branco é o que nós quisermos. É, o que nós fizermos.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

"E me dá uma saudade irracional de você. Uma vontade de chegar perto, de só chegar perto, te olhar sem dizer nada, talvez recitar livros, quem sabe só olhar estrelas… Dizer que te considero - pode ser por mais um mês, por mais um ano, ou quem sabe por uma vida - e que hoje, só por hoje ou a partir de hoje (de ontem, de sempre e de nunca), é sincero"

Caio Fernando Abreu

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Contos

"Se Deus existe, e eu talves acredite que sim, é piamente que peço, não para fazer um final feliz e feérico da minha vida,que não deixe alguns episódios, e se Deus existe, ele sabe quais são, acontecerem com mais ninguém. Porque acredito que sim, agradeço a Deus todos os momentos em que pude exprimentar o quão bom  era ser feliz, o quão bom era ser total e plenamente pessoa, com letra grande. Mas os contras desta condição, fazem-me desejar que isto nao aconteça com mais ninguém, porque o depois e o durante não compensam. Ai de mim, se os dias  de sol não chegassem para derreter este gelo quase formado que o sol do destino pôs no meu caminho. Ai de mim se vacilar, se não acreditar que não é correcto o que faço cada dia, ao colocar o dedo no despertador vespertino, e me levanto para mais um dia de jornada. Ai de mim, mas ai não só de mim. O tempo, esse, fez o que pôde. Chegou um dia em que o tempo não valia para mais nada. E mais fossos e poços eu não queria. Muitas vezes, para sermos alguém, temos de deixar ser. Deixei de ser. Se Deus existe sabe que sim. Lentamente, entre recuos e no tempo, memórias e conversas voltam a ser. Se Deus existe, ele também sabe que há-de ser para sempre assim. E o tempo, esse, faz ser simultâneamente outro eu. Não como ilusão, mas como ser evolutivo, com plena consciência dos seus direitos e deveres. Com personalidade e com sentido de pessoa. Sozinha, foi a mais adulta criança no meio de uma historia de encantar, que por não se ter passado num conto infantil, não teve um final feliz."