quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A culpa é nossa!

"Um cão não tem necessidade nenhuma de carros sofisticados ou de casas sumptuosas ou de roupas da moda. Os símbolos de status não lhe dizem nada. Um pau lambido pelo mar serve perfeitamente. Um cão não julga os outros pela cor da pele, credo religioso ou classe social, mas sim por o que elas têm dentro de si mesmas. Um cão não se interessa em saber se somos ricos ou pobres, educados ou iletrados, burros ou inteligentes. Dêem-lhe o vosso coração que ele dar-vos-á o seu. As coisas são na realidade bastante simples, e no entanto somos nós, os humanos, muito mais sábios e sofisticados, quem sempre teve dificuldade em discernir o que é realmente importante ou não."


Marley & Eu, Jonh Gorgan

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Sempre

Com a certeza de que tudo vai mudar, mas há coisas que permanecem.
Sentimentos como estes são imutáveis, e sò progridem para mais e melhor.
Olhares destes são esculpidos na nossa mente, reflectidos no nosso pensamento, e tornam-se eternos.
Ressuscitados a cada momento.
Para sempre.

Coisas inesplicáveis que se tornam lógicas na tua presença. Justificações passíveis de serem dadas.
Coração fora de mim, só teu.
Para sempre.

Respiração ofegante e incontrolada, que se torna inaudível na tua presença.
O cérebro deixa de distinguir acaso de destino, e o que importa é que tudo acontece.
Para sempre!
SEMPRE

sábado, 23 de janeiro de 2010

"Liberdade"

"Aqui nesta praia onde                                        Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade"

Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Zé Diogo Quintela e a sua crónica: "Deixai adoptar as criancinhas"

"O casamento entre pessoas do mesmo sexo foi aprovado, mas sem possibilidade de adopção. Acho que é injusto. Nomeadamente, é injusto para os casais heterossexuais. Se os homossexuais têm o casamento, então deviam levar com o casamento todo. O casamento não é só coisas boas. Também há os filhos. E é injusto beneficiar um casal homossexual, que assim evita chegar um dia a casa e ter as paredes da sala todas pintadas com marcadores fluorescentes. Evita ir às urgências, tirar um berlinde de um nariz. Não são mais do que nós, para terem um casamento de primeira, em que são poupados à experiência de aturar um adolescente durante a idade do armário. Que é a altura do desenvolvimento humano em que percebemos porque é que não é boa ideia ter-se armas em casa. Ao alcance dos pais.
Há quem diga que temos de pensar no que as crianças podem vir a passar na escola, por terem dois pais ou duas mães. "E se eu tivesse dois pais, como é que teria sido a minha vida na escola?" Não posso responder por ninguém, mas a minha teria sido igualzinha ao que foi. Os meus colegas nunca conheceram os meus pais. Nem o meu pai, nem a minha mãe iam à escola. Nunca foram assistir aos meus teatrinhos. Nunca iam às reuniões de pais. Em toda a sua vida parental só foram a uma: a primeira do meu irmão mais velho. Depois disso decidiram que era uma inútil perda de tempo. Não me parece que, se por acaso fossem homossexuais, tivessem aparecido mais. Os meus colegas nunca souberam se fui criado pelo meu pai e pela minha mãe, pelos meus avós, por um casal de decoradores ou por uma loba.
Teme-se que os filhos de casais de homossexuais sejam alvo de gozo e que isso os possa traumatizar. Um argumento que também não me comove. É que eu sou adepto do Sporting desde miúdo. Os 18 anos de seca coincidiram com a minha idade escolar. Sei bem o que é ser gozado nas aulas todas as segundas-feiras, depois de uma derrota com o Covilhã ou com o Penafiel, era achincalhado pelos mini-lampiões, que nesse tempo até ganhavam com alguma regularidade (parece incrível, eu sei). Podem crer que trocaria vitórias do Sporting por pais homossexuais. Principalmente à segunda-feira. Não podendo, então não me importava de acumular: má época do Sporting com duas mães camionistas. Talvez desviasse a atenção do infortúnio sportinguista. "Ó Quintela, gostas mais da mamã ou da mamã?", diriam os gozões no início da semana, esquecendo o ridículo empate frente a O Elvas. Quem me dera...
Outra advertência é feita por quem acha que uma criança adoptada por dois homossexuais pode sentir-se chocada com as manifestações de carinho entre o casal. Não tenho dúvidas de que isso aconteça. É naturalíssimo. Quem já teve o azar de ver o pai e a mãe no meio da marmelada sabe que é chocante. A sexualidade dos pais, hetero ou homo, é sempre desconfortável. Uma vez apanhei o meu pai a beijar a minha mãe e deixei de conseguir ver filmes com cenas de sexo durante seis meses. Quem acha que a sexualidade dos pais pode influenciar a sexualidade dos filhos não conhece esta mecânica. É óbvio que influencia: quando pensamos nos nossos pais juntos na cama, o embaraço é tanto que só nos apetece a castidade.
Claro que vai haver sempre casos de crianças que vão dizer: "Não quero ir viver com este dois maricas. Prefiro voltar para o meu papá, que pode beber um bocadinho e queimar-me com cigarros nas costas, mas é um homem à séria. Fez 12 filhos, a maior parte à minha mãe. Mas, como o meu papá ainda está em Vale de Judeus por ter matado a minha mãe, vou antes ficar por aqui, à guarda do Estado. Comem-se as melhores papas de aveia!" Nestes casos, faça-se a vontade à criança.
Espero que em breve os casais de pessoas do mesmo sexo sejam autorizados a adoptar. Talvez daqui a dois, três anos, seja uma boa altura. Agora, não. É deixá-los desfrutar. Toda a gente sabe que não se devem estragar os primeiros anos de casamento indo logo ter filhos."


José Diogo Quintela, in Publico (numa das ultimas edições)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Arrepiante

"O arrepio aquece a mente, percorre o infimo do corpo. E depois desliga o pensamento. E sem se preocupar com mais nada, e sem corragem para fuguir, tal como a brisa da noite fria de mais um ano a terminar, alucinaste os meus sentidos"

Um mês depois.
É.B.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"Facidades"

Em tudo há das duas faces:
O Alfa...e o Omega, princípio e fim. Yng e Yang. Preto e branco, bom e mau. Muito e pouco. Simpático e antipático.
E o reverso da gargalhada?
Será o silêncio, a tristeza, a melancolia e a ingenuidade?
Talvez sim. Se gargalhada for sinceridade, for genuina e sinónimo de alegria.
Mas...e quando a gargalhada não for nada disso? Se a gargalhada for  maléfica e insensata, desumana. Mesquina.
Aí talvez a outra face seja o sorriso. A expressão sincera do espirito. Espelho de almas e de corações. Fonte de intrepretações de humores, amores.
Faces que se completam. Que se opoem. Misturam.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010




"Se nos lembrarmos melhor dos bons momentos, para que servem os maus?" Vian, B.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Temporada

Assim que cruzei a esquina, o arrepio surguiu. À medida que avançava, avançava também a ansiedade. O calor abrasador do mês de Julho refectido nas janelas envidraçadas com caixilhos de madeira, dava a ilusão que pela rua voavam fadas incandescentes. A meio da rua fui tentada a parar, abrandei o ritmo, mas depressa acelerei o passo. Respirei fundo, como que ganhando coragem para continuar, e depressa me chegou o cheiro a maresia. Estava perto...do mar! Fechei os olhos e sem esforço a minha mente me colocou a  pisar as ondas, a mergulhar na imensa água salgada.
Belisquei a palma da minha mão. "Acorda!" disse para mim mesma.
E prossegui caminho.
Cheguei então à cabana. Surpreendi-me ao dar conta que ainda me lembrava de tanta coisa.
Ouvi os passos do velho
- Já chegaste. - disse ele.
- Estou aqui, tal como pediu nas cartas que escreveu.
Com a expressão mais sábia que alguma vez vira, esticou a mão, que trazia uma caixa de madeira carcomida pela salinidade da maresia. Os olhos reflectiam um castanho vivido, uma tonalidade que ia desde a avelã ao madeira, luminoso, brilhante. Consegui ver-me ao espelho neles, e constactei, pela primeira vez em muitos anos que envelhecera mais do que devia.
Estiquei a mão, um pouco apreensiva. Mas o sorriso do velho homem encorajou-me a avançar.
- Foste tu que escreveu o que ai se encontra dentro. Tinhas 5 anos, e garantiste que ias ser assim, e ser feliz. Quando terminaram as tuas férias, despediste-te de mim tão a correr, que esqueceste isto.
E tinha esquecido. Até aquele dia.
- Obrigada. - Murmurei. E não resisti a abraçar o velho Homem, que tinha como nome Tobias.
Voltei costas e fui-me embora. Caminhei em direcção ao mar, dei um mergulho, e procurei uma rocha para me sentar. Deixei que o escaldante sol secasse a minha pele, e enquanto isso várias perguntas surguiram. Como se lembrava o homem de mim? como conseguiu a minha morada?
Lemtamente, abri a caixa. Desenrolei a velha folha de rescunho que em tempos tinha sido a infomação de que o velho tinha uma consulta.
E li, palavra a palavra, o que uma menina de 5 anos, a muito tempo atraz escrevera. A letra era imprecisa, e muitas vezes desenhada ao contrário. 
Os desejos, simples e directos. Uns mais que outros, eram típicos de uma criança sonhadora. E a mulher que os lia, percebia o quanto tinha mudado. O quanto leis, regas sociais, e os outros, influenciam cada objectivo da nossa vida. Seja ele feito aos 5 anos, ou aos 50...
Levantou-se da rocha. Fez uma longa caminhada à beira mar.
Os sonhos que tinha, ainda os tem, um por um, ainda fazem parte do reportório de desejos que desde à tanto tempo habita nela. faltou audácia, preserverança, faltou tempo para ter tempo de por as coisas em ordem. E não consguiu dar a volta ás coisas, porque esta mulher, não era feliz!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010


"Como o vento é para o fogo, é a ausencia para o amor. Se é pequeno, apaga-o logo, se é grande, torna-o maior"(Jaime Cortesão)