sábado, 26 de março de 2011

Abrimos a página. Carregamos na tecla, avançamos. E apagamos. Retrocedemos, fazemos "delete" e apagamos a reciclagem. Partimos qualquer coisa. Mudamos a música de fundo, e descobrimos um novo detalhe. Em vão, paramos um momento, e tentamos interpretar o que quer que seja. Viajamos para outros mundos. Tentamos despragmatizar, mas não há sentido. Arruína-se a história. Em vão, em  vão, apagamos o tempo.              

sexta-feira, 25 de março de 2011

"Faço menos planos e cultivo menos recordações. Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível. Canso menos, me divirto mais, e não perco a fé por constatar o óbvio: tudo é provisório, inclusive nós." (Martha Medeiros)

domingo, 20 de março de 2011

Da-te. Respira fundo. Dá-me a mão. Mostra o coração. Explica. Não sejas meia verdade, um terço de alucinação, uma história a duas dimensões - não sejas! - Canta-me ao ouvido. Usa a magia que existe, a magia que construiste..Não a deixes acabar! Faz render as palavras, usa tudo o que tens! Não me deixes ir. Não me deixes simplesmente ficar... É manipulação, sem uso da razão.
Ensinaste-me a por o dedo na lua - a colocar-me a ver o que se tem de sentir - e eu pus-te no meu coração. Cada dia mais um pedaço. Quando percebi, havia mais do que fatias de um todo - havia o todo - para todo sempre.

domingo, 13 de março de 2011

Lembro-me que esqueci o nome do cão. E do gato. E do piriquito, se o houve. Esqueci-me por tantas vezes o lembrar. De tantas vezes travar a batalha. Esquecer. Lembrar. Doer. Mas não me esqueço das conversas. Das histórias. Das gargalhadas emotivas. Engraçado o corpo humano... Põe debaixo do iceberg o que nunca deixa de estar a tona de àgua, mais ou menos submerso, nas emoções que constrõem a vida.
O nome do cão. Alguma vez me vais lembrar?

sábado, 12 de março de 2011

Enrascados

"Geração à rasca": o tema que abala os Noticiarios, que coloca uns a dizer mal dum grupo musical, outros a elogia-lo, e ainda divide este pais, já por si não muito grande; são conservistas que dizem que se os jovens são a geração à rasca, então deviam ter visto a deles (coitadinhos, sempre coitadinhos), são os mais novos que parecem que levaram com o beijo da Bela Adormecida e andam agora todos a dizer que está mal, mesmo sem saber porque.
Apras-me a mim, reles mortal, pré-geração à rasca, dar de minha justiça, (que não é nenhuma, que é uma simples opinião de jovem que não sabe o que diz, nem o que faz, nem o que custa a vida).
Por acaso não vou a manifestação. Terei de ficar em casa, a providenciar o meu futuro enrascamento. Tenho testes, e culpa da geração que nos culpa, parece que hoje em dia, a meu ver, estou enrascada, e nem tudo passa por estágios. Ora vejam:
- Em Portugal, o governo faz com que os professores se preocupem mais com a auto e hetero avaliação( dos professores e dos seus colegas) do que da verdadeira essencial da escola, ensinar. Uma sugestão enrascada: entre os milhares de professores desempregados, a receber subsídios, porque não organiza-los, de forma a ocupa-los, e a pagar-lhe os subsídios devido a um trabalho (e não à falta dele), neste caso, um trabalho que serviria para avaliar professores.
   Vantagens:
Mais justiça na avaliação
Melhor ambiente nas escolas
Menor numero de desempregados ( e vocês, governantes, não adoram dizer que o desemprego desceu 0,001%?)
Mais capacidade de concentração dos docentes, mais tempo de preparação de tempos lectivos, maior abertura a projectos extra-curriculares, mais tempo para esclarecimento de duvidas a alunos fora do tempo lectivo (sim, porque embora os vossos filhotes andem em colégios particulares, que ás tantas, oferece explicações, à que esclarecer que nas escolas publicas não é assim. Queres explicações? Pagas.)
Melhor relação sócio-afectiva na comunidade escolar
de momento, não me lembro de nenhuma desvantagem... a não ser... ah, sim dá trabalho. Não iriam copiar nenhum país, não iriam simplesmente cortar ordenados, não seria uma coisa fácil para o primeiro ministro, licenciado, dizer em Espanhol, Inglês, ou em qualquer outra língua.
-Em Portugal, temos as "queridas medias" de mãos dadas, na entrada da faculdade. Mas, eu ainda gostava de descobrir, aonde é que nas médias esta a componente "vocação", ou a componente "comunicação", ou a componente "educação". Tão necessárias em tudo, mas mais necessárias numas áreas que noutras. Onde elas estão?! Bem, eu sei onde elas não foram contempladas: na senhora que atende o telefone de forma mal educada quando se liga para o gabinete do x, no doutor que nos ausculta quando vamos ao hospital, e que nem ouve os nossos sintomas, no técnico que manda comprar logo um aparelho novo. Isto não é generalizar. É o que acontece. A quem nunca aconteceu? Talvez seja exepcção à regra. Mas seria mais fácil evitar as mudanças de cursos a meio dos semestres por estas universidades Portuguesas se existisse mais "selecção e direccionamento" na escolha das profissões de cada um.

É verdade. Somos uma geração "à rasca", gerados por uma geração onde imperam os comudistas, que inspirados no 25 de Abril, acharam que mudaram o Mundo, e que já nada era preciso fazer. Esqueceram-se que a mudança é constante, e que é feita de pequenas coisas. Uma musica. Uma manifestação. Uma medida estúpida que ouvida e interpretada pela pessoa certa, até pode ser muito boa. Parece que alguém se voltou a lembrar das pequenas mudanças. Pequenos actos que paço a paço, mudam alguma coisa. Já se percebeu que já não estamos colados à revolução dos cravos, que também pensamos, que queremos mudanças. No convite que tenho no facebook, estão até agora, 62 887 pessoas a "dizer que vão", 46 694, a ponderar ir. Talvez seja altura de colocar a mão na consciência. Afinal, talvez estes "enrascados" tenham algo para dizer.. E que tal, oh senhores ministros, trocarem os carros BMW por fiat, mesmo que sejam novos na mesma, ou as viagens em jactos privados, por voos comerciais, os jantares em restaurantes estrelas michelan por uma coisita mais simples, as dormidas em Hotéis de 5 estrelas pelos de 2, e contratar alguém, mesmo que seja à custa de cunhas, para analisar e seleccionar os papeis que alguém lhe vai fazer chegar, e que serão recolhidos amanha nas manifestações?! E também, porque não, aparar-se das redes sociais, perceber o que nelas é dito? Só não sejam malandro, e não comecem para ai a censurar toda a gente.. Afinal, o 25 de Abril, já "não cá canta, deste 1974"!

domingo, 6 de março de 2011

Cheiro. Vem, e vai, e regressa.
Nunca abandona. Ressuscita, e ergue.
Caminha escondido, aflito. Torna-se presença, que assenta, surindo inventa e recria.
E alguém fugia. Corre depressa, ou corria.
Depois entra a noite fria, que aquece, atencantada por uma cigarra, e embala a presença, e faz fugir alguem.