sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Nadar

Nadei nas minhas próprias lágrimas. Ao som dos meus gritos abafados pela água, pelo murmurar das pessoas em redor, pelo som de um dia a terminar. Com a energia da minha raiva. Num emaranhar de estilos misturados, inomeaveis, indefinidos.
Com braçadas irregulares, traçava piscinas sem ritmo nem coordenação. Nadava no passado.
Nadava emaranhada em passados e futuros. No presente. Com muitos conjuntivos à mistura. E pretéritos imperfeitos a assolarem-me a alma.
Nadava, num mar de palavras duras, cruéis. Sentidas e frias. Indecifraveis.
Nadei até me doer a alma. Até não sentir fôlego.
Quando parei, sem ver nada, sem sentir nada, percebi que tinha nadado muito pouco.
Percebi que para mim, não tinha nadado nada.

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