terça-feira, 30 de abril de 2019

Ser não sendo II

E o tempo passa e deixa um rastilho daquilo que era suposto acontecer, mas não aconteceu. Prende-nos a palavra, o ser e o sentido. A catapulta das memórias passadas fazem-nos construir hologramas num futuro paralelo ao que teremos, com crenças que perdemos com o tornar do presente passado.
Insistimos em revisitar o futuro holograma, abrimos uma fossa entre o ser e o que se fosse, que nos leva para dimensões que nos sugam a energia e a alma.
É - digo eu, que nunca lá estive - como viver em órbita perto de um buraco negro. Podemos ter alturas em que estamos naquele ponto certo, em equilíbrio perfeito com a gravidade, a massa e a distância e tudo flui, e outras em que um pequeno olhar para trás nos deixa a fazer elípticas sem rumo, em busca ora do abismo, ora do equilíbrio.
Caminhamos, umas vezes com o destino definido em GPS, outras a guiarmo-nos pelas estrelas, e outras ao sabor do vento e da memória, que nos leva inospitamente para lugares onde nunca quisemos estar, e depois nos embala num mundo de sonhos

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